sábado, 23 de maio de 2009

Fernando Pessoa



Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que soque não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Tipografia e algumas expressões

Eis o resultado da minha pesquisa sobre arte tipográfica que o Sr. google me ajudou a fazer... A acrescentar que isto de pesquisar em Portugal e terminar no Brasil é algo que me faz sentir privilegiada por ter nascido na era da informação e não na era da pedra.
Esboçem um sorriso com esta frase a jeito de piada. :)
Trouxe-me ideias, novas linhas de pensamento e ainda me fez rever as minhas ideias para a interpretação visual dos versos de Fernando Pessoa.




Tipografias por Claudio Reston


Dylan Rosco

http://gorosco.com/


SHCH Graphics Group
http://www.sgr.kiev.ua/
Uma salva de palmas para este grupo... fabuloso o site e o seu trabalho!


http://stephi-g.deviantart.com/



http://caliburlesssoul.deviantart.com/





http://dencii.deviantart.com/


http://ad-013.deviantart.com/



http://stadno.deviantart.com/

* see you really soon

Libertango: outras interpretações

Depois de algumas dificuldades técnicas e novas explorações, eis que surge o resultado da proposta 1, como resultado da minha interpretação do musical Libertango de Astor Piazolla.

A composição visual presente tem as mesmas cores escolhidas, o vermelho e o preto, anteriormente. No entanto, a disposição das cores e e o movimento é diferente. De acordo com o espaço em recurso, um círculo de 12 centímetros de diâmetro, estabeleci uma linha de conexão com o que fundamenta as minhas escolhas (ver memória descritiva), sem no entanto me descuidar com o facto do espaço a trabalhar e em destaque ser diferente.

Aqui ficam alguns dos meus projectos.


terça-feira, 12 de maio de 2009

A Cor

Em todos lugares que vamos existe sempre uma dimensão que ilustra, dá vida e expressão nos nossos dias : a cor. A cor desempenha um papel importante e imprescindível para os nossos sentidos. Muitas das coisas que conhecemos, associamos a determinadas cores e determinados sentimentos a determinadas tonalidades. A existência de cores frias e cores quentes está implicitamente relacionada com as sensações que estas nos provocam: frio, calor, frescura, esperança, limpidez.

São muitos os símbolos, logótipos e imagens que possuem um especial significado devido a cor que lhes foi conferida. A cor em si pode tornar-se numa mensagem. A Coca-Cola não seria a mesma se lhe mudássemos o vermelho para cinzento ou cor-de-rosa, nem a estrela da Mercedes para amarelo. Os objectos ganham sentidos e conotações diferentes em função da cor que lhe és associada. Mas a cor tem diferentes funções, “ não tem a mesma função para o designer e para o pintor. O designer opera em ligação com a ciência e a indústria, o pintor tem relações com o artesanato e com a produção manual. O designer tem de usar a cor de modo objectivo enquanto o pintor usa-a de modo objectivo.” (Munari, 1968: 362).




A cor é uma das características do nosso envolvimento com o mundo que gira à nossa volta: propicia atmosferas, ambientes, dá-nos memórias com diferentes sensações e marca diferentes momentos. O verde da Primavera, o castanho do Outono, o branco do Inverno e o vermelho do Verão são algumas das associações que consigo fazer. A cor, pessoalmente, tem uma ligação muito directa com várias sensações e influencia as minhas escolhas e modifica por exemplo, o meu estado de humor.
Sendo um importante elemento da linguagem visual, um dos elementos definidos por D. Doudis, a cor expressa sobretudo um interior de uma mensagem a passar ao destinatário, ligada a valores, escolhas, sentimentos e vontades. No entanto, existe “um aspecto funcional da cor, ligado à comunicação visual e à psicologia: a cor de um objecto que se utiliza continuamente (a máquina de escrever) deverá ser opaca e neutra. Opaca para reflexos de luz que podem cansar a vista, e neutro pela mesma razão. Uma cor intensa, observada durante muito tempo, produz uma reacção na retina, fazendo surgir a cor complementar com o objectivo de restabelecer o equilíbrio fisiológico alterado.” (Munari, 1968: 363).

Estando certa da importância inegável e de que na vida nem "todos os gatos são pardos", considero que a minha reflexão sobre a Cor me faz afirmar que tudo quanto escolhemos, gostamos, queremos e utilizamos está iminentemente relacionado com a cor e a sua conjugação. A sensibilidade da escolha entre as cores e dos contrates utilizados pode definir um bom logótipo e a imagem de uma empresa, mas não só está relacionada com as questões do marketing. Na proposta 1 utilizei o vermelho e o preto porque as associo ao Tango e à música escolhida.

Deixo aqui um vídeo feito por um fã de David Fonseca da música "Dreams in Colour" que expressa em muito, a conotação que as cores possuem e os jogos infinitos que somos capazes de fazer.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tipografia

A necessidade inata que o Homem tem de comunicar, provocou-lhe a vontade de procurar, desde os tempos primitivos, formas para comunicar com os que o rodeavam e com uma relativa distância através de uma série de instrumentos rudimentares (sinais de fumos, tambores, etc...).
É com a invenção dos Fenícios da escrita, que nascem novas formas de comunicação e novos rumos para a história da humanidade, como a imprensa, a rádio e outros meios audiovisuais insubstituíveis no nosso quotidiano.
Torna-se importante , nesta linha de pensamento, perceber e compreender a engrenagem da comunicação, de maneira a que se comunique da melhor forma e mais eficaz. Para existir comunicação pressupõe-se a existência de um ou mais receptores, um canal de comunicação através do qual a mensagem é transmitida, um código de comunicação e um contexto.

A mensagem em comunicação visual necessita de um suporte visual, isto é, “ o conjunto de elementos que tornam visível a mensagem, todas aquelas partes que devem ser consideradas e aprofundadas para se poderem utilizar com a máxima coerência em relação à informação. “(Munari: 1968: 92).
A tipografia é, neste sentido, uma importante plataforma de comunicação visual. No nosso quotidiano estamos constantemente a receber e a emitir mensagens, facto que inegavelmente tem sido potencializado com o crescente impacto das novas tecnologias de informação, o que nos permite dizer que estamos cada vez mais “próximos” e mais facilmente comunicamos.

Este ambiente que aproxima e facilita a comunicação entre as pessoas, pelo mundo inteiro, não significa necessariamente que comuniquemos bem ou eficazmente. Daí que se levantem questões e problemas sobre a comunicação visual. O que comunicamos e para quem comunicamos são questões e coordenadas centrais a estudar e tentar compreender.
Tal como já referi anteriormente, para comunicar tem de existir um código comum aos dois emissores. A tipografia é uma das formas de comunicação, que remontando aos tempos greco-romanos, foi evoluindo de acordo com diversas culturas e, ganhando diferentes expressões de acordo com com o contexto onde se desenvolveram.
Ultrapassando a função informativa, percebeu-se o alcance da tipografia e o interesse da mesma, na passagem de uma mensagem. Assim, muitas marcas, entidades e representatividades fizeram da tipografia dos seus logótipos. Como é exemplo:


Coca-Cola


DKNY



Calvin Klein


Kinder


Nokia



Macintosh

A importância da tipografia na história do Homem até à era actual tem vindo a ser uma porta para os nossos sentidos e um importante meio para fidelizar as pessoas relativamente a uma determinada marca, mensagem ou ideia.



Este vídeo despertou o meu interesse porque gostei imenso da mensagem e da intensidade retirada da letra da música e espelhada na tipografia escolhida. É curioso perceber que sem imagens e apenas com caracteres se consegue fazer um jogo entre uma mensagem e caracteres.